Estamos a chegar ao final de 2024, desafiante para o mercado imobiliário em geral, e para a mediação imobiliária, em particular. O início do ano apresentou-se com uma subida repentina das taxas de juros que se veio a juntar ao problema de escassez de imóveis – entenda-se habitação realmente disponível e em condições de habitabilidade para o segmento que apresenta maior necessidade de produto, que é exatamente aquele que recorre a crédito habitação, por não ter outra forma de acesso à compra de casa. Qual o impacto no setor da mediação imobiliária e o que esperar de 2025? Massimo Forte, consultor, coach, formador especializado em imobiliário, analisa o mercado neste artigo preparado para o idealista/news.
Também no início deste ano, foram inúmeras as pessoas que tiveram de renegociar condições de financiamento junto do seu banco ou junto da intermediação de crédito para conseguirem travar a subida da prestação da casa. Uns conseguiram, outros não, mas nem por isso os níveis de crédito malparado subiram de forma significativa, sendo que os bancos e o estado atuaram de forma célere para ajudar as pessoas mais expostas com créditos habitação de taxa variável, evitando o incumprimento.
Muitas adiaram também a aquisição de casa própria, não por falta de necessidade, nem por receio, mas porque a taxa de esforço mais elevada não o permitia, fazendo com que a decisão de venda ou compra fosse adiada. Ao mesmo tempo, muitos interessados na compra de casa e players do mercado imobiliário aguardavam um eventual reajuste de preços das casas em baixa para levar a cabo transações que tinham em plano, mas isso não aconteceu.
Já é certo e sabido que para começar a existir uma baixa de preços, há que haver um equilíbrio da oferta, neste caso, mais oferta que neste momento só é possível com um aumento de produto novo, com existência de produto proveniente de crédito mal parado e colocado no mercado, ou com mais reabilitação do edificado existente.
Como nada de relevante aconteceu, os preços anunciados de venda continuaram a manter-se em alta, mesmo após reajustamento em baixa e tempos de absorção um pouco mais extensos que levaram alguns proprietários a estarem mais abertos a uma baixa de ‘asking price’ – relembrando que o preço pedido e valor de venda efetivo não são a mesma coisa.
Tudo isto provocou um cenário natural de abrandamento de número de transações que grande parte das mediadores e agentes imobiliários começaram a sentir com bastante preocupação.
Esta preocupação foi atenuada com os sinais do Banco Central Europeu (BCE) no sentido de cortar os juros diretores, o que acabou por acontecer com impacto nas prestações dos créditos habitação no último trimestre, trazendo um novo ânimo para quem compra e também para os mediadores imobiliários que viram novamente a procura a ser estimulada.
Além disso, a medida implementada pelo Governo em relação à facilitação do acesso à habitação para pessoas com menos de 35 anos, também trouxe mais interessados que, perante os incentivos, tomaram a decisão que adiavam ou pensavam não ser possível.
Já na reta final deste 2024, pode-se dizer que se prevê um final de ano em recuperação no que diz respeito ao número de transações.
Imobiliário em 2025: o que esperar?
2025 pode trazer uma mudança conjuntural para a mediação imobiliária com possibilidade até de crescimento para o setor que pode trazer melhores resultados que em 2023, contudo, para o consumidor final, ou seja, para aquele que adquire habitação própria permanente, pode não ser um ano interessante, pois vê regressar a procura em força e depara-se com uma estabilização de preços (em alguns casos até novas subidas), o que não será com certeza um cenário favorável para si perante a falta de oferta de produto disponível para habitar.
Para que o equilíbrio possa ser estabelecido, além de se intervir na disponibilização de produto (medida que naturalmente tem tempos de implementação elevados, pois o licenciamento e construção levam tempo), precisa-se de trabalhar o estímulo para desenvolver um mercado de arrendamento competitivo e estável para ser visto como alternativa à compra de casa.
Além disso, Portugal continua com uma situação de quase pleno emprego, o que para o negócio da mediação imobiliária acresce como um desafio extra para captação de novos agentes.
Não sabemos ao certo quantas transações se fazem em Portugal através do canal mediação imobiliária, talvez o IMPIC – Instituto dos Mercados Públicos do Imobiliário e da Construção tenha esses dados, referindo Espanha, país que os divulga, pode-se verificar que no ano passado a quota de transações efetuadas pela mediação rondava os 60%. Portugal não deverá ser muito diferente, logo, a boa notícia é que, provavelmente, a mediação imobiliária profissional em Portugal ainda tem uma grande margem para crescer.
Fonte: Idealista/news