5 de Fevereiro, 2024 gcoelho

Casas para arrendar em Portugal: oferta dispara 55% no último ano

Oferta de casas para arrendar duplicou em Viseu e no Porto. Em Lisboa subiu 63%, diz estudo do idealista.

Oferta de casas para arrendar
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O arrendamento em Portugal tem-se caracterizado por uma oferta de habitação estruturalmente escassa para a procura existente, gerando um desequilíbrio que sustentou o aumento das rendas das casas registada nos últimos anos. Mas o mercado poderá estar a passar por um ponto de viragem: o stock do parque habitacional português disponível para arrendar subiu 55% no quarto trimestre de 2023 face ao que estava disponível no mesmo período de 2022, segundo um estudo do idealista, o principal Marketplace imobiliário do sul da Europa. E o que explica este movimento de subida da oferta de casas para arrendar? O Mais Habitação, programa que entrou em vigor em outubro do ano passado e já estará a produzir efeitos, ajuda a justificar os dados, em paralelo com outros fatores.

“Algumas medidas implementadas na habitação parecem estar a impactar o mercado de arrendamento, com um aumento significativo na oferta de casas para arrendar em Portugal” na reta final de 2023, começa por destacar Ruben Marques, porta-voz do idealista. “As restrições no Alojamento Local, o fim do regime de Residentes Não Habituais (RNH), penalizações das casas devolutas e a redução de impostos sobre as rendas podem também estar a contribuir para um reforço da disponibilidade de imóveis no mercado”, acrescenta, frisando que, apesar do atual aumento na oferta, “os preços do arrendamento continuam elevados e fora do alcance da maioria dos portugueses”.

Além de tudo isto, há que ter em conta que a procura de casas para arrendar também arrefeceu na segunda metade de 2023, com o número de novos contratos de arrendamento a abrandar, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística. As altas rendas e a falta de casas para arrendar compatíveis com os rendimentos das famílias podem explicar este facto, havendo quem opte por partilhar casa, arrendar um quarto ou até voltar para casa dos pais, ou outros familiares. Por outro lado, tendo em conta as dificuldades e custo de arrendar, muitas famílias terão decidido entretanto avançar para a compra de casa, preferindo ajustar o orçamento e assumir taxas de esforço elevadas sendo proprietários, em vez de inquilinos, mesmo num contexto de juros altos que tornam o crédito habitação mais caro.

Arrendar casa em Portugal
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Em Viseu e no Porto o número de casas para arrendar duplicou

oferta de habitação disponível para arrendar em Portugal subiu em 15 capitais de distrito no último ano, com Viseu (115%) e o Porto (113%) a liderar a lista. Nestas cidades, o número de casas para arrendar no final de 2023 duplicou face à que estava disponível no mesmo período de 2022.

Também houve um aumento expressivo de oferta de casas para arrendar em Braga (85%), Lisboa (63%), Castelo Branco (53%) e na Guarda (50%). A lista de aumentos de stock de casas no mercado de arrendamento segue com Setúbal (49%), Viana do Castelo (46%), Portalegre (40%), Santarém (39%), Aveiro (37%), Coimbra (35%), Leiria (32%), Évora (22%) e Vila Real (18%).

Por outro lado, houve também cidades onde o número de casas para arrendar caiu face há um ano: é o caso de Bragança, onde a oferta mais diminuiu (-16%), seguida por Ponta Delgada (-13%), Funchal (-8%) e Faro (-1%).

Oferta de arrendamento cresce na maioria dos distritos

Entre os 19 distritos e ilhas portuguesas com amostras representativas, salta à vista que o número de casas para arrendar cresceu em 13 territórios, com o Porto a liderar com um aumento de 82% entre o quarto trimestre de 2023 e o período homólogo, revela o mesmo estudo.

Também a oferta de casas no mercado de arrendamento cresceu de forma expressiva nos distritos de Braga (80%), Viseu (63%), Leiria (61%), Lisboa (56%), Castelo Branco (51%) e Viana do Castelo (50%). Com aumentos na oferta de casas para arrendar inferiores a 50%, estão Aveiro (47%), Coimbra (38%), Setúbal (37%), Faro (37%), Santarém (31%) e Évora (26%).

Por outro lado, registaram-se descidas no número de casas para arrendar na Guarda (-15%), ilha de São Miguel (-9%), Vila Real (-4%), Bragança (-4%), Portalegre (-3%) e ilha da Madeira (-2%).

 

Fonte: Idealista/news