30 de Outubro, 2023 gcoelho

Quem são os estrangeiros que procuram crédito habitação em Portugal?

Continuam ter interesse em casas mais caras situadas em Lisboa, Faro e no Porto. Procura de britânicos é a mais expressiva.

Crédito habitação para estrangeiros
Foto de Kampus Production no Pexels

A procura de crédito habitação para comprar casa em Portugal continuou sólida no verão de 2023 por parte de estrangeiros e emigrantes portugueses, que têm interesse em adquirir habitações mais caras e em pedir um maior valor de financiamento à banca. Vêm de todo o mundo para Portugal em busca de segurança e melhor qualidade de vida, sendo as famílias vindas do Reino Unido e do Brasil as que mais procuram financiamento para a casa. Mas são mesmo os norte-americanos que apresentam maior poder de compra e optam por comprar habitações a preços mais elevados.

Este retrato da procura de empréstimos para comprar casa em Portugal por parte de não residentes (emigrantes e estrangeiros) é feito no mais recente relatório trimestral do idealista/créditohabitação. Desde logo, salta à vista que estas famílias que vivem fora do nosso país têm maior poder de compra, procuram casas por valores mais elevados e pedem maiores valores de financiamento que a procura total a nível nacional:

  • Rendimento médio dos não residentes foi de 5.463 euros mensais no terceiro trimestre de 2023, um valor 55% superior face ao total de pedidos para o mesmo período. Segundo o relatório, “cerca de 50% dos requerentes têm um rendimento superior a 4.000 euros”;
  • Preço de compra da casa médio solicitado foi de 217.089 euros, mais 16% do que o total;
  • Crédito habitação médio pedido na consulta ao mercado foi de 155.598 euros: um valor 10% superior face ao montante apurado para o total de pedidos.

De notar também que os não residentes dão mais dinheiro de entrada para comprar casa (pedem, em média, 72% do financiamento contra 76% do total nacional) e avançam com o investimento mais tarde, já que a idade média é de 43 anos e o total nacional é de 40 anos nesse mesmo período.

O que os dados também mostram é que entre julho e setembro de 2023, os estrangeiros e emigrantes tinham maior poder de compra, procuraram casas mais caras, bem como maior financiamento bancário do que no trimestre anterior – todos estes aumentos trimestrais rondam os 6%. Em comparação com o trimestre anterior, a taxa de financiamento manteve-se nos 72% e a idade média subiu de 42 anos para 43 anos.

De que países há mais interesse em pedir crédito habitação em Portugal?

Olhando para o país de origem dos não residentes que procuram crédito habitação em Portugal, é notório que o maior interesse surge de quem vive na Europa. A maior percentagem de pedidos que chegaram ao idealista/créditohabitação no verão de 2023 vêm do Reino Unido (18% do total), seguido do Brasil (15%), da Suíça (12%) e da França (9%).

“Os proponentes dos Estados Unidos destacam-se com um rendimento médio do agregado familiar de 8.534 euros”, indica o relatório. De todos os países de origem analisados, quem vem dos EUA é quem tem mesmo maior poder de compra e pretende adquirir habitações mais caras (313.288 euros, em média). Além disso, também apresentam pedidos de financiamento bancário de valor mais elevados (242.532 euros, em média).

São os cidadãos não residentes vindos da Suíça que têm o segundo maior poder de compra (uma média de 7.161 euros), procurando adquirir casas por 204.992 euros com um financiamento médio de 153.055 euros. Logo a seguir estão as famílias que residem nos Países Baixos, com um rendimento de 6.077 euros. Apesar de terem menor poder de compra do que os agregados vindos da Suíça, estas famílias que vivem nos Países Baixos procuram o segundo maior financiamento (de 191.495 euros, em média) para comprar casas pelo valor médio de 268.924 euros.

Por outro lado, são os cidadãos residentes na França, no Brasil e na Bélgica que pedem menos capital emprestado para comprar casa, até porque procuram casas para comprar a preços mais reduzidos uma vez que têm os rendimentos mais baixos face aos outros não residentes (na ordem dos 4.000 euros).

É quem reside no Reino Unido, na Bélgica e nos EUA que pede percentagens de financiamento mais elevadas (entre 77% e 79% do valor da casa). E a taxa de financiamento mais baixa é solicitada por quem vive em França (68% do total). Quanto às idades médias das famílias, é quem vive em França que recorre ao crédito habitação para comprar casa em Portugal mais tarde (47 anos) e na Irlanda mais cedo (39 anos).

Onde é que os não residentes mais procuram casa em Portugal?

Os cidadãos não residentes que têm interesse em comprar casa em Portugal procuram, sobretudo, créditos habitação nos distritos de Lisboa, Faro e do Porto. “Lisboa representa a maior fatia do total dos pedidos, com 19,3%, seguida da Faro e do Porto, com 12,2% e 11,5%, respetivamente”, dizem no relatório relativo ao terceiro trimestre de 2023.

Também são precisamente estes distritos que apresentam os preços de aquisição e os montantes de empréstimos solicitados mais elevados no terceiro trimestre de 2023 – até porque aqui os preços das casas à venda são mais elevados. Em Lisboa, em Faro e no Porto, os cidadãos não residentes querem comprar casas a preços superiores a 240 mil euros (em média). E nestes distritos solicitam créditos habitação de maior valor (entre 179 mil e 200 mil euros).

“Observa-se uma tendência para a apresentação de pedidos de crédito habitação por parte de não residentes nas zonas costeiras”, destaca ainda relatório do idealista/créditohabitação. E menor no interior do país, havendo mesmo distritos onde o peso dos pedidos é inferior a 1%, como é o caso de Bragança, Guarda, Portalegre, Évora e Beja. De notar que é precisamente em Beja, Castelo Branco e Bragança que são pedidos créditos habitação de menor valor (menos de 60 mil euros) para comprar casas a preços mais baixos (menos de 90 mil euros)

As percentagens de financiamento variam entre 57% registada em Bragança e 88% solicitada na Guarda. Os não residentes pedem créditos habitação com a idade média máxima de 58 anos em Portalegre e com idade média mínima de 38 anos em Bragança.