3 de Outubro, 2023 gcoelho

Design e acessibilidade: a urgência de criar casas mais inclusivas

Todas as pessoas devem ser capazes de usar e desfrutar de cada espaço o mais independentemente possível.
mobilidade condicionada
Foto de Marcus Aurelius no Pexels

Nos últimos anos, temos observado um aumento significativo na consciencialização sobre a importância da acessibilidade e da mobilidade condicionada no design de casas. À medida que a sociedade reconhece a diversidade humana em termos de altura, mobilidade e idade, torna-se essencial que as casas sejam projetadas, desenhadas e mobiladas de forma a responder a uma ampla gama de necessidades.

Neste artigo preparado por Catarina Diniz, da Staging Factory, para o idealista/news, vamos explorar como incorporar a acessibilidade, a funcionalidade e a estética no design e na decoração de casas, tendo em conta as particularidades das pessoas com mobilidade condicionada.

Layout acessível: a base do design inclusivo

O primeiro passo para criar casas verdadeiramente inclusivas é abraçar o conceito de acessibilidade universal. Isso significa que todas as pessoas, independentemente da sua capacidade física, devem ser capazes de usar, circular e desfrutar de cada espaço o mais independentemente possível. Para alcançar esse objetivo, é fundamental considerar:

  • Layout e Espaço
    • Garantir que os corredores e áreas de circulação sejam amplos o suficiente para a passagem de cadeiras de rodas ou outros apoios à mobilidade.
    • Reduzir obstáculos como degraus, recantos ou muretes, criando fluxos de circulação simples e claros que evitem quedas ou tropeções.
  • Portas e Passagens
    • Utilizar portas largas e de fácil abertura, como as de correr, para facilitar a passagem de cadeiras de rodas.
    • Instalar rampas suaves ou elevadores sempre que possível.
    • Escolher pavimentos antiderrapantes para aumentar a segurança.
  • Casas de Banho e Cozinhas
    • Projetar casas de banho espaçosas com pontos de apoio e equipamentos acessíveis.
    • Adaptar bancadas e armários da cozinha para acomodar diferentes alturas.
mobilidade condicionada
Foto de Gustavo Fring no Pexels

Funcionalidade e ergonomia: dar prioridade à segurança e ao conforto

O design de interiores deve ser cuidadosamente pensado para garantir a funcionalidade e prevenir acidentes. Isso inclui:

  • Mobiliário adequado
    • Optar por móveis e elementos decorativos que não comprometam a acessibilidade e a circulação.
    • Evitar peças com cantos afiados ou superfícies escorregadias.
    • Garantir que os móveis são robustos e instalados corretamente para minimizar risco de acidentes.
    • Colocação de fornos e microondas integrados em locais mais acessíveis como por exemplo à altura da bancada facilita o acesso.
    • Incluir por exemplo mesas e lavatórios de bancada sem traves inferiores que permitam o acesso a cadeiras de rodas.
  • Iluminação adequada
    • Garantir iluminação uniforme e adequada em todos os espaços da casa.
    • Instalar interruptores acessíveis e controles de iluminação de fácil alcance.
  • Evitar Obstáculos
    • Manter fios elétricos e tapetes seguros para evitar quedas.
    • Organizar os móveis de forma a proporcionar um amplo espaço de circulação.
mobilidade condicionada
Foto de Marcus Aurelius no Pexels

Estética e conforto: integrando a beleza e a acessibilidade

A estética desempenha um papel fundamental no design de interiores e a acessibilidade não deve ser um obstáculo para a criação de espaços atraentes e confortáveis. Os detalhes fazem ainda toda a diferença quando se trata de estética e acessibilidade. O design de interiores deve considerar:

  • Paleta de Cores e Texturas
    • Utilizar cores de forma criativa para criar atmosferas acolhedoras e agradáveis.
    • Selecionar os acessórios de decoração com base no seu conforto e funcionalidade.
  • Interrutores, óculos de visualização e tomadas
    • Posicionar interruptores de luz e tomadas em alturas acessíveis para todos.
    • Utilizar interruptores de pressão ou controle de voz para maior comodidade.
    • Incluir visores nas portas de entrada a duas alturas.
  • Puxadores e maçanetas
    • Escolher puxadores e maçanetas de fácil aderência como por exemplo os tipo “muleta”.
    • Evitar designs complicados que possam ser difíceis de usar.
  • Armários e Estantes
    • Instalar prateleiras ajustáveis e armários com sistemas de abertura suave.
    • Organizar o armazenamento de forma a permitir fácil acesso.
    • Nas cozinhas dar preferência a armários com gavetas e com prateleiras com pouca profundidade. Ter por exemplo uma parede com armários com profundidade 35cm a 40cm é uma excelente opção para arrumação de loiças e equipamento de cozinha já que é bastante mais fácil a acessibilidade.
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Foto de Marcus Aurelius no Pexels

O dever dos profissionais de design de interiores

Como profissionais de design de interiores, temos a responsabilidade de pensar e desenhar espaços que sejam acessíveis, funcionais e visualmente atraentes. Isto envolve a compreensão das necessidades individuais de todos os clientes e a criação de soluções personalizadas para atender às diferentes necessidades. A acessibilidade não deve ser vista como um desafio, mas como uma oportunidade para criar ambientes que promovam o conforto, o bem-estar e a inclusão de todos os indivíduos.

Em resumo, o design de interiores e a acessibilidade estão intrinsecamente ligados. Ao integrar os princípios de acessibilidade no nosso trabalho, podemos contribuir para a construção de ambientes onde todas as pessoas, independentemente das suas capacidades físicas, podem desfrutar de uma vida plena e participativa na comunidade.