27 de Setembro, 2023 gcoelho

Preço das casas em Portugal deverá descer 2,1% em 2024, diz CaixaBank

Estudo aponta para que o número de vendas fique mais de 20% aquém dos valores de 2022 este ano e que esse nível baixo persista em 2024.
preço das casas
Foto de Fabio Sasso no Unsplash

O abrandamento do mercado imobiliário português “está a revelar-se menos acentuado do que o esperado, pelo menos em termos de preços da habitação”, segundo revela um estudo do CaixaBank Research, que melhorou as previsões de crescimento no país para 2023. No entanto, o banco espanhol não está tão otimista para 2024, antecipando uma queda de 2,1% nos preços das casas. Ainda assim, acredita que se tratará de uma “desaceleração suave”.

O estudo salienta que o número de vendas de casas caiu 9% em termos homólogos no acumulado de quatro trimestres até ao 1.º trimestre de 2023, com um decréscimo maior nas casas existentes (-10,9%) em comparação com as novas construções (+0,1%).

“Embora as vendas tenham caído em relação aos níveis recordes registados em 2022 (167.900 mil), elas ainda são 3% maiores do que as de 2019 (154.800 mil). No entanto, se olharmos exclusivamente para os números do 1º trimestre de 2023, as vendas nesse período (34.400 mil) caíram 20,8% em comparação com o mesmo período de 2022, com quedas tanto nas casas existentes quanto nas novas (-23,4% e -8,3%, respetivamente)”, lê-se ainda no estudo.

oferta de casas também “continua a ser limitada para satisfazer as necessidades de habitação, tendo em conta as tendências demográficas”, e a sofrer com o impacto dos “elevados custos de construção”, sublinha o documento.

Queda de preços e desaceleração da procura em 2024

O banco espanhol recorda que há um natural “desfasamento temporal entre a ação da política monetária e o seu impacto na economia”, e que no caso do mercado imobiliário esse impacto acontece por duas vias.

“Por um lado, o custo mais alto do financiamento desincentiva uma parcela de potenciais compradores com menor capacidade de acesso ao crédito, o que os leva a procurar necessariamente casas mais baratas. Por outro lado, a atualização dos índices para empréstimos de taxa variável ocorre gradualmente ao longo do tempo, de modo que o esforço percebido pelos mutuários (bem como uma potencial decisão de venda) também é gradual”, explica, adiantando que o segundo semestre do ano será importante para avaliar o impacto da alta dos juros no mercado.

O CaixaBank não tem dúvidas que a “resiliência da procura, a escassez de casas novas e os elevados custos de construção continuarão a apoiar os preços das casas, mesmo num contexto de fortes subidas das taxas de juro”. Contudo, a perspetiva “não é tão otimista” para 2024.

O estudo aponta para uma queda de 2,1% nos preços das casas. “Um dos principais fatores por detrás dessa previsão está relacionado com a forte desaceleração da procura. Este ano, esperamos que o número de vendas fique mais de 20% aquém do número de 2022 e que esse nível baixo persista em 2024. Quedas de dois dígitos na procura por períodos prolongados de tempo são compatíveis com reduções de preços, como observamos em outros mercados de países desenvolvidos”, explica.

Apesar disso, o banco espanhol fala de uma “redução mais moderada”, e considera “improvável” uma correção significativa nos preços como a de 2011-2013, “quando o país recebia ajuda financeira e o endividamento das famílias era maior”.

Fonte: Idealista/news