11 de Agosto, 2023 gcoelho

Crédito habitação: alívio do teste de esforço está em consulta pública

Consulta pública vai decorrer até 21 de setembro. É esperado que a nova recomendação do BdP entre em vigor no início do outono.

Taxa de esforço no crédito habitação
Foto de Andrea Piacquadio no Pexels

O Banco de Portugal pôs esta quinta-feira, dia 10 de agosto, em consulta pública a recomendação que alivia o teste de esforço exigido pelos bancos no crédito à habitação, simulando um aumento de 1,5% das taxas de juro em vez dos atuais 3%.

Em comunicado esta quinta-feira divulgado, o regulador e supervisor bancário diz que, “num contexto de normalização das taxas de juros“, devem ser alteradas “as condições em que as instituições de crédito devem avaliar o impacto do possível aumento das taxas de juro na solvabilidade dos consumidores que pretendem contrair novos créditos“.

Assim, para um crédito de duração superior a 10 anos (em geral crédito à habitação ou hipotecário), o Banco de Portugal quer que o teste de esforço simule um aumento dos juros de 1,5%, em vez dos quais 3%.

Já para créditos até cinco anos e 10 anos (em geral crédito ao consumo) a simulação de aumento dos juros será de 0,5% e 1% (em vez de 1% e 2%), respetivamente.

Já a semana passada, a Lusa tinha noticiado que o BdP queria fazer esta alteração no teste de ‘stress’ feito pelos bancos aos clientes, que avalia a capacidade de pagarem o crédito caso as taxas de juro aumentem, sendo o objetivo tornar mais fácil o acesso ao crédito. Contudo, refere hoje o Banco de Portugal, que o banco deve continuar a garantir que a prestação mensal do empréstimo nunca excede metade do rendimento mensal do cliente.

Teste de stress no crédito habitação
Foto de Karolina Grabowska no Pexels

Redução do teste de stress terá impacto no acesso ao crédito habitação?

No início de julho, a vice-governadora, Clara Raposo, já tinha dito publicamente que o Banco de Portugal estava a pensar alterar esta recomendação, que estava em vigor desde 2018 (quando as taxas de juros estavam em valores negativos). Posteriormente, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) manifestou-se a favor.

Quando um cliente quer contratar crédito à habitação o banco simula qual seria a taxa de esforço do cliente caso a taxa Euribor atual venha a subir mais 3%. Atualmente, com a taxa Euribor a 12 meses (a mais usada no crédito à habitação) a 4%, o teste de esforço põe a taxa de juro simulada em 7%, um valor que significaria um grande esforço e poderá impedir clientes de acederem a novo crédito para comprar casa.

Fontes do setor bancário contactadas pela Lusa consideram que esta alteração não terá impacto significativo, pois é a falta de rendimento dos clientes – sobretudo os baixos salários – face aos elevados preços das casas o maior impedimento no acesso ao crédito à habitação.

A consulta pública hoje lançada durará até 21 de setembro. É esperado que a nova recomendação entre em vigor no início do outono.

Em junho passado, os bancos emprestaram 1.524 milhões de euros em crédito à habitação (a taxa de juro média dos empréstimos para habitação própria permanente a taxa variável atingiu 4,37%), menos 8,7% do que os 1.402 milhões de euros do mesmo mês de 2022 (quando a taxa de juro média foi de 1,47%).

 

Fonte: Idealista/news