Dinamarca, Irlanda e Suíça são as economias mais competitivas do mundo, de acordo com o Ranking de Competitividade Mundial 2023 do IMD. Singapura e Países Baixos completam o top 5, num ano em que claros vencedores e vencidos emergem de uma combinação de acontecimentos políticos, económicos e sociais de alcance global.
Escalando três posições face a 2022, Portugal surge no 39.º lugar do estudo publicado pelo Centro de Competitividade Mundial do IMD (WCC), uma análise anual de 64 economias globais e da sua capacidade de gerar prosperidade. Recuperando de uma queda de seis lugares no ano passado, o país fica ainda assim três posições abaixo do resultado obtido em 2021 (36º).
Nesta 35ª edição do Ranking, Portugal regista melhorias em dois dos quatro indicadores-chave: desempenho económico (subida da 46ª para a 42ª posição) e eficiência empresarial (42ª para 41ª). A avaliação da eficiência governativa mantem-se (43ª) mas a pontuação no fator infraestruturas desce dois lugares. Não obstante, este é o indicador-chave em que o país regista melhor classificação (32º).
Entre os subfactores em que Portugal se destaca positivamente estão educação (23ª), quadro social (24ª), comércio internacional (26º) e saúde e ambiente (27º). Já as piores pontuações surgem em matérias de política fiscal (54.ª posição), mercado de trabalho (51ª), práticas de gestão empresarial (51ª) e finanças públicas (49ª).
Segundo José Caballero, Economista Sénior do WCC, “a melhoria de Portugal na classificação geral deve-se, em grande medida, aos seus progressos significativos em termos de desempenho económico, nomeadamente nos sub-fatores economia nacional e comércio internacional. Portugal também apresenta um bom desempenho em alguns aspetos de eficiência empresarial, tais como a produtividade geral, o crescimento a longo prazo da força de trabalho, o índice da bolsa de valores e a eficácia da resposta do setor privado às oportunidades e ameaças do mercado. Existem, no entanto, áreas que podem afetar negativamente a competitividade de Portugal a longo prazo.”
De acordo com o IMD, um dos principais desafios de Portugal passa por garantir um crescimento do PIB superior à média da UE e dos seus pares, de forma a apoiar o aumento do rendimento real e inverter o declínio do PIB per capita.
O estudo sublinha também a necessidade de desenvolver uma estratégia nacional para promover as competências de gestão, a transformação digital e a transição energética, reforçando a competitividade das empresas.
A análise do IMD defende ainda um acordo interpartidário sobre estratégias para fazer face a questões demográficas urgentes como o envelhecimento e a baixa taxa de natalidade, para além de encorajar reformas na justiça, saúde, educação e segurança social que possam promover serviços públicos de qualidade e reduzir o endividamento económico.
Economias mais pequenas continuam a dominar o top 10
Apesar da complexa interação entre inflação, risco geopolítico e fragmentação política, o cenário da competitividade global continua dinâmico – especialmente na Europa.
A posição de topo da Dinamarca baseia-se nos seus resultados contínuos em todos os fatores de competitividade medidos. Continua a ser o primeiro país em termos de eficiência empresarial e de infraestruturas, tendo melhorado ligeiramente em termos de eficiência da administração pública (onde passou do sexto para o quinto lugar).
A subida acentuada da Irlanda na classificação geral resulta, em grande medida, dos seus sólidos resultados em termos de desempenho económico, onde sobe de sétimo para segundo lugar.
A Suíça mantém o terceiro lugar graças ao seu forte desempenho em todos os fatores de competitividade medidos. Continua a ser o primeiro país em termos de eficiência da administração pública e de infraestruturas, ocupa o sétimo lugar em termos de eficiência das empresas (uma descida do quarto lugar) e melhora o seu desempenho económico (de 30º para 18º lugar).
As economias mais bem-sucedidas tendem a ser mais pequenas, a ter um bom enquadramento institucional, incluindo sistemas educativos sólidos, e – no mundo fragmentado em que vivemos – um bom acesso aos mercados e a parceiros comerciais (por exemplo, Dinamarca, Suíça e Singapura, em quarto lugar). Singapura desce uma posição, passando a ocupar o quarto lugar. Os Países Baixos melhoram um lugar, passando de sexto para quinto. Taiwan, China, ganha um lugar (de sétimo para sexto). A RAE de Hong Kong desce para sétimo (de quinto), tal como a Suécia – de quarto para oitavo. Os EUA melhoram um lugar, passando para nono, e os Emirados Árabes Unidos sobem dois, completando o top 10.
De notar que os países que abriram as suas economias tardiamente após a pandemia de COVID-19 começam a registar melhorias na sua competitividade, enquanto os que se abriram mais cedo registam um declínio em 2023, como é o caso da Suécia e da Finlândia.
Efeitos da turbulência na economia mundial na competitividade das regiões
Os níveis globais de confiança das empresas são pouco animadores, de acordo com o Inquérito de Opinião Executiva do Ranking de Competitividade Mundial, que faz parte do conjunto de dados que informa os resultados do relatório. Os riscos de uma recessão ou abrandamento económico global, as pressões inflacionistas e os conflitos geopolíticos superam as preocupações com questões ambientais e as alterações climáticas.
“A fragmentação política é resultado da COVID-19 e da guerra na Ucrânia, e um dos principais resultados é que cada vez mais países – Singapura, Arábia Saudita e Índia, por exemplo – estão a seguir os seus próprios interesses. Com o abrandamento das pressões inflacionistas e mercados bolsistas incertos, podemos agora ver vencedores e vencidos num contexto em que múltiplas crises se sobrepõem”, afirma o Professor Arturo Bris, Diretor do WCC.
Navegar no ambiente imprevisível de hoje exige agilidade e adaptabilidade. Os países que se destacam neste domínio tendem a construir economias resistentes, como a Irlanda, a Islândia e o Bahrain, ou os seus governos são capazes de adaptar políticas em tempo útil com base nas condições económicas atuais, como é o caso dos Emirados Árabes Unidos, do Qatar e de Singapura.
De resto, os países que têm uma produção interna de energia estável, cadeias de abastecimento sólidas e balanças comerciais favoráveis têm conseguido superar os efeitos da turbulência na economia mundial. China, Arábia Saudita, Suíça e Taiwan, por exemplo, conseguiram manter ou melhorar os seus níveis de prosperidade. Já as economias fortemente dependentes das importações de matérias-primas e de energia registaram um declínio na sua competitividade, como Estónia, Lituânia e Polónia.
A inflação teve também impacto nas pontuações regionais de competitividade, com os países que registam as taxas de inflação mais elevadas a nível mundial (sobretudo as economias da Europa Oriental) a perderem terreno em relação aos países com baixos níveis de inflação (Ásia Oriental, Ásia Ocidental e África). É o caso da Letónia, que regista a maior descida na classificação geral, caindo para o 51.º lugar (do 35.º). Esta descida deve-se principalmente à deterioração do seu desempenho em termos de eficiência governamental e eficiência empresarial, causada por níveis recorde de inflação em 2022.
Embora continuem a ser as regiões mais competitivas do mundo, tanto a Ásia Oriental (19.º em 2023) como a Europa Ocidental (21.º em 2023) desceram um ponto na sua classificação de competitividade. As economias da América do Norte permanecem estáveis na 26.ª posição (a mesma que em 2022), enquanto a Europa Oriental registou o maior declínio na competitividade (de 39.º para 42.º).
Fonte: Blog CENTURY 21