5 de Janeiro, 2023 Lucas Lopes

Taxa de juro média dos novos créditos habitação já ultrapassa os 3%

É preciso recuar até janeiro de 2015 para encontrar um valor mais elevado. Bancos emprestaram 1.266 milhões de euros em novembro.

A maioria dos contratos de crédito habitação em Portugal é de taxa variável, o que está a ter impacto direto no orçamento de muitas famílias, visto que a prestação da casa tem vindo a aumentar mês após mês, acompanhando a subida galopante das taxas Euribor. Em novembro de 2022, a taxa de juro média dos novos empréstimos para a compra de casa voltou a subir em flecha, tendo passado de 2,86% em outubro para 3,08%. Significa isto que superou os 3%, o que já não acontecia desde o início de 2015, revelou esta quarta-feira (4 de janeiro de 2023) o Banco de Portugal (BdP).

“A taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação subiu para 3,08% (2,86% em outubro), ultrapassando os 3% pela primeira vez desde janeiro de 2015 e manteve-se, pelo segundo mês consecutivo, acima da média da área euro”, adianta o regulador, que é liderado por Mário Centeno, ex-ministro das Finanças.

Segundo o BdP, do total de contratos de crédito habitação própria permanente em vigor no final de novembro, com taxa variável e indexados às Euribor a 3, 6 e 12 meses, mais de metade (54%) terão a sua taxa revista até fevereiro de 2023. “Para 31% dos contratos, a revisão ocorrerá entre março e maio de 2023, e os restantes 15%, indexados à Euribor a 12 meses, apenas serão atualizados entre junho e novembro de 2023”, lê-se na nota.

80% dos novos créditos habitação são de taxa variável

Em novembro, adianta a entidade, 80% do montante dos novos empréstimos para habitação própria permanente foi concedido a taxa variável. Segue-se a taxa mixa (13%) e, por fim, a taxa fixa (7%). “Relativamente a outubro, o peso dos contratos com taxa mista aumentou 4 pontos percentuais (p.p.), por oposição à diminuição do peso dos contratos com taxa variável”, indica.

“No final de novembro, 22% do montante do stock de empréstimos com taxa variável encontrava-se indexado à Euribor a 3 meses, 32% à Euribor a 6 meses e 43% à Euribor a 12 meses. Nos novos empréstimos contratados em novembro, a Euribor a 6 meses voltou a ser o indexante mais aplicado (67 % do montante, representando um aumento de 7 p.p. em relação a outubro)”, conclui o BdP.

Montante emprestado aumenta face a outubro

No que diz respeito ao montante emprestado pelos bancos aos particulares para comprar casa em novembro, aumentou face ao mês anterior, para 1.266 milhões de euros (1.208 milhões em outubro). Trata-se, no entanto, de um valor inferior face ao verificado no período homólogo (1.285 milhões de euros). Em novembro de 2021, recorde-se, ainda não sinais de guerra na Ucrânia, pelo que a inflação ainda não tinha começado a escalar, bem como a taxa de juro diretora por parte do Banco Central Europeu (BCE), que influencia diretamente o crescimento das taxas Euribor.

“Em novembro, os bancos concederam 1.858 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, mais 49 milhões do que em outubro, justificado pelo crédito habitação (1.266 milhões em novembro e 1.208 milhões em outubro). Nas restantes finalidades, os montantes concedidos em novembro foram inferiores aos de outubro: no consumo, reduziu-se de 412 milhões para 409 milhões de euros e, no crédito para outros fins, de 189 milhões para 182 milhões”, conclui o BdP.

Fonte: Idealista