28 de Setembro, 2022 Lucas Lopes

Euribor em 2023: prestação da casa vai subir 23 euros, diz Centeno

Banco de Portugal estima que a prestação da casa média suba de 250 euros em julho para 273 euros em julho de 2023.

Euribor está a subir desde o início do ano. E tudo indica que as taxas de referência europeias vão continuar a crescer, já que o Banco Central Europeu (BCE) já aumentou os juros diretores em 125 pontos base e anunciou que vai continuar a fazê-lo nas próximas reuniões. Os efeitos de todos estes aumentos são sentidos – mais tarde ou mais cedo – nos bolsos das famílias portuguesas, já que cerca de 90% dos contratos de créditos habitação são de taxa variável e indexada à Euribor. E quanto vão subir as prestações da casa? Segundo as contas do Banco de Portugal (BdP), a prestação média em julho de 2022 situava-se nos 250 euros. E tendo em conta a previsão da Euribor para julho de 2023, a prestação da casa deverá subir 23 euros, fixando-se nos 273 euros.

As estimativas sobre as prestações da casa para o próximo ano foram transmitidas esta terça-feira, dia 27 de setembro, pelo responsável do supervisor bancário português, Mário Centeno, durante o discurso de encerramento “o impacto da nova ordem mundial na economia europeia”, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Embora as estimativas apontem para um aumento de 23 euros das prestações da casa, o governador do BdP salientou que 10% dos créditos habitação vão ter um impacto na taxa de juro de quatro euros em julho de 2023 (considerando também as previsões da Euribor nesse mês). Isto porque há famílias que estão a pagar os empréstimos há muito tempo e, portanto, o capital em dívida é “pequeno”, justificou.

Prestação da casa em 2023 será 25% inferior à atingida na crise financeira

Apesar do aumento da prestação da casa estimado em 273 euros para julho de 2023, Mário Centeno ressalva que este valor representa apenas 75% da prestação média registada em 2009. Ou seja, mesmo com esta subida, a prestação da casa fica ainda 25% aquém do valor atingido na crise financeira. 

O responsável do supervisor bancário destacou que, em março de 2009, a média dos créditos habitação era de 363 euros. Mas em termos reais, corrigida para o aumento do rendimento disponível das famílias, equivale a uma prestação atualmente de 217 euros.

“Em termos corrigidos pela evolução do rendimento disponível, uma prestação que é 60% daquela que existia em 2009”, disse Mário Centeno na ocasião.

“É preciso olhar para esta realidade para avaliar o que fazer, a urgência do que temos para fazer e onde estamos verdadeiramente nesta resposta”, disse o líder do BdP, vincando que “leva-nos a ter que voltar ao que os bancos centrais têm vindo a dizer de política orçamental: que deve ser temporária, focada e atempada”.

Mário Centeno assinalou ainda que a massa salarial em Portugal no último ano cresceu 10%, não tendo caído em termos reais e que o rendimento disponível real das famílias tem vindo a crescer praticamente ininterruptamente desde 2015.

“Não me espantaria que os salários daqueles que mantém os empregos, ou daqueles que conseguiram novos empregos no último ano, estejam a crescer 7%, 8%, 11%. Nenhum destes valores implica uma perda real de salários”, assinalou.

*Com Lusa

Fonte: Idealista