2 de Setembro, 2022 Lucas Lopes

Juros no crédito habitação dão maior salto desde 2003

A taxa de juro média dos novos empréstimos para comprar casa subiu para 1,88% em julho, o maior aumento mensal em 19 anos.

A escalada das Euribor, que saíram de terreno negativo e não têm parado de subir, desde que o Banco Central Europeu decidiu rever em alta as taxas diretoras, está a ter efeitos práticos no mercado de crédito habitação em Portugal. A taxa de juro média dos novos empréstimos para comprar casa em julho subiu para 1,88% (face aos 1,47% de junho), o valor mais alto desde agosto de 2016, e que corresponde à maior subida mensal da taxa de juro média em 19 anos. Ou seja, desde 2003, data que marca o início da série estatística do Banco de Portugal (BdP).

“Esta evolução está em linha com a subida das taxas médias da Euribor em junho, pois existe, tipicamente, um desfasamento de um mês entre as taxas de juro Euribor e o seu reflexo nas taxas de juro aplicadas”, explica o BdP, na nota de informação estatística de julho de 2022, publicada hoje, dia 01 de setembro de 2022.

Nota de informação estatística de julho de 2022 / Banco de Portugal
Nota de informação estatística de julho de 2022 / Banco de Portugal

Maior fatia do crédito dado pela banca a particulares é para comprar casa

Mais de metade do montante dos novos empréstimos à habitação utilizou como indexante a Euribor a 12 meses, cujo valor médio subiu de 0,29% em maio, para 0,85% em junho. Já nos novos empréstimos ao consumo, a taxa de juro média aumentou para 7,88% (7,79% em junho).

Nota de informação estatística de julho de 2022 / Banco de Portugal
Nota de informação estatística de julho de 2022 / Banco de Portugal

Os bancos concederam 1.963 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, menos 138 milhões de euros do que em junho:

  • 1.345 milhões de euros de crédito à habitação (menos 57 milhões de euros do que no mês anterior),
  • 454 milhões de euros de crédito ao consumo
  • e 164 milhões de euros de crédito para outros fins.

Nos novos empréstimos ao consumo, a taxa de juro média aumentou para 7,88% (7,79% em junho).

Também nos financiamentos às empresas, a taxa de juro média voltou a aumentar, fixando-se em 2,63% (2,16% em junho). E subiu tanto nos empréstimos até 1 milhão de euros (de 2,27% para 2,76%), como nos empréstimos acima de 1 milhão de euros (de 1,99% para 2,40%).

Depósitos com remuneração mais alta, mas pouco

E se por um lado, o dinheiro está mais caro para a economia, na hora de pedir um crédito. Também é verdade que a remuneração das aplicações de poupança começa a subir, ainda que de forma tímida, até agora.

No que respeita aos depósitos, o Banco de Portugal informa que, em julho, os particulares somaram um total de 3.854 milhões de euros (3.707 milhões de euros em junho).

E do montante de novos depósitos constituídos em julho, 88% foi aplicado em depósitos a prazo até 1 ano, cuja taxa de juro média foi igualmente de 0,09%. “A taxa de juro média destes depósitos sobe pelo segundo mês consecutivo, após nove meses em que se manteve em 0,04%”, destaca o banco central.

Por sua vez, o INE informou esta semana que as poupanças das famílias portuguesas nos bancos atingiram, em julho, um novo recorde de 182,7 mil milhões de euros — um aumento de 7,2% face ao mesmo mês de 2021, o valor mais elevado de sempre. Contudo, no mesmo mês, a inflação homóloga fixou-se em 9,1%, o que quer dizer que o montante total dos depósitos vale, neste momento, menos 16,6 mil milhões de euros, em termos reais.

Fonte: Idealista