13 de Setembro, 2021 Lucas Lopes

Imobiliário: Tendências que vieram para ficar

Mais do que a tendência de as pessoas comprarem mais na cidade, na periferia, no campo, apartamentos ou casas geminadas com ou sem piscina, estes são os pontos estruturais que estão para ficar e que deve ter em conta para desenvolver uma visão de negócio ou de futura transação.

Estamos ainda num período pandémico, embora todos desejem que seja a fase final para voltarmos à nova normalidade num mundo que não ficou indiferente a esta experiência e que por isso, não será o mesmo.

Muito se tem falado e escrito, e possivelmente se vai continuar a falar e escrever sobre as tendências que estão para ficar, das mudanças que vão acontecer e dos impactos daí resultantes.

Apesar de estar entre os sectores mais resilientes, o setor imobiliário tem levado muito a sério esta reflexão sobre a nova realidade ao nível estratégico e operacional, em específico o da mediação imobiliária, que de certa maneira conseguiu reagir de forma ágil, rápida e com resultados bastante positivos num negócio que se carateriza essencialmente por comportamentos associados a necessidades e desejos imediatos com impactos de longo prazo e pelo contacto pessoal entre pessoas.

Inspirado pelo meu compatriota italiano, Rudy Bandeira, que fez menção a um artigo do jornal Economist do Callum Williams, e após várias análises de períodos idênticos na história, como por exemplo o período da gripe espanhola, advinha-se um período de boom económico.

Por isso, verdadeiros líderes que planeiam, três tendências que destaco, que estão para ficar e que transporto para a realidade imobiliária para definição de estratégias futuras para quem compra, vende imóveis ou para quem ajuda a fazê-lo:

  1. Sustentabilidade, ser uma pequena (grande) parte da solução. Não é por acaso que começa a ser comunicado um tema que há muito se debate no imobiliário internacional. A sustentabilidade e o seu impacto para o setor imobiliário desde o planeamento, promoção, construção e até mesmo à mediação imobiliária, possivelmente o vínculo crucial para criar uma ponte que faça chegar conceitos, benefícios, vantagens e principalmente feedback desta tendência necessária e cada vez mais iminente para gerações atuais e futuras com necessidades habitacionais que, não mudarão radicalmente (as pessoas vão continuar a querer ter uma casa, seja ela qual e de que forma for), mas que terão um grande impacto na forma como avaliam e valorizam determinadas características da casa que pretendem comprar.
  2. Novas regras. Este período tem estado repleto de protestos, (uns antigos outros novos) oriundos de situações não resolvidas, ou mesmo de situações que aconteceram e que não havia solução. No passado, quando se enfrentaram crises deste género, assistiu-se sempre a alterações políticas e administrativas que deram origem a novas leis e novas regras para o bem da evolução da prosperidade, sustentabilidade e desburocratização dos sectores. Será expetável (espero eu) que no ramo imobiliário aconteça o mesmo, e que a preocupação com direito à habitação se torne séria e cada vez mais uma prioridade. Espero também as tão necessárias alterações aos regulamentos de algumas atividades profissionais, como por exemplo, a mediação imobiliária, que para evoluir necessita de ganhar credibilidade, só desta forma se tornará atrativa para profissionais aptos para lidar com dados, necessidades, processos, expectativas e principalmente, pessoas.
  3. Solucionar velhos problemas com nova tecnologia. A pandemia ensinou-nos que já existiam muitas ferramentas para velhos problemas. Era a nossa acomodação que fazia com que essas ferramentas não fossem utilizadas e, por conseguinte, democratizadas. São notórios os avanços tecnológicos e a democratização de adoção que a pandemia trouxe ao sector imobiliário de ferramentas que já existiam e começaram a ser utilizadas, como plataformas de comunicação virtual e redes sociais para reuniões, formação, visitas a imóveis, prospeção, promoção e seguimento. O processo burocrático de documentação da transação imobiliária viu finalmente a oportunidade de kick off para a que será com certeza a grande mudança neste e noutros sectores. O blockchain e tokens que já existiam e resolviam um problema antigo, só agora estão a ser levados a sério como alternativa pois ganharam a credibilidade e a confiança com a entrada da virtualização no dia a dia das nossas vidas de hoje e não apenas para um futuro próximo.
  4. Gastar mais, mas melhor. Falando com muitas pessoas, notei uma vontade de maior investimento nestas férias, não só em qualidade, como tempo e diversão, possivelmente pelas restrições ainda muito patentes nas memórias do ano passado. Mas o mais importante e variante desta tendência, tem a ver com aquilo em que se vai gastar. O comportamento analisado após crises deste género, não é o de esbanjar, é sim o de investir ou gastar de uma forma mais atenta. Tende-se para uma aquisição mais consciente a nível holístico, uma tomada de decisão (ainda) emocional, onde a necessidade terá peso e a ostentação ou desejo, são remetidos para um plano de menor importância.

Mais do que a tendência de as pessoas comprarem mais na cidade, na periferia, no campo, apartamentos ou casas geminadas com ou sem piscina, estes são os pontos estruturais que estão para ficar e que deve ter em conta para desenvolver uma visão de negócio ou de futura transação. Como sempre, o mercado imobiliário irá comportar-se de forma lenta. No entanto, a mudança já começou e está para ficar!

 

Fonte: Visão | Massimo Forte