9 de Fevereiro, 2021 Lucas Lopes

Imobiliário antecipa “bomba atómica” com fim das moratórias

O líder das imobiliárias defende o prolongamento das moratórias no crédito por, pelo menos, mais um ano. E a medida deve ser tomada o quanto antes para que os agentes económicos tenham tempo para criar o seu “bunker”.

 

“Mais cedo ou mais tarde esta bomba explodirá, e por isso é importante que as pessoas e empresas tenham algum tempo para conseguirem criar o seu ‘bunker’ de forma a sofrerem a mínima ‘radioatividade’ possível”. A imagem é usada pelo líder das imobiliárias para defender a extensão das moratórias no crédito.

Previsto para setembro, o fim deste regime excecional poderá resultar numa “verdadeira ‘bomba atómica’ na economia, por via do incumprimento em massa e do crédito malparado”, nas palavras de Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP).

No final do ano passado, o conjunto do setor bancário português tinha mais de 20% do crédito total abrangido por moratórias, o terceiro maior rácio da União Europeia. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já defendeu a extensão das moratórias até 2023 ou 2024.

O representante das imobiliárias quer o prolongamento das moratórias de crédito por, pelo menos, mais um ano ou “durante o tempo necessário para uma total recuperação económica”. Uma decisão que, defende numa nota enviada às redações, deve ser “tomada e anunciada o quanto antes para que os agentes económicos possam avaliar a sua situação”.

Na semana passada, também Alberto Ramos, CEO do Bankinter Portugal, considerou que o prazo das moratórias no crédito deverá ser revisto, nomeadamente para os setores mais afetados, lembrando que “quando foram desenhadas partiram do princípio de que 2021 seria um ano de recuperação económica”, algo que já não deverá acontecer.

Já para o setor imobiliário, o fim das moratórias pode provocar um “aumento significativo da oferta motivado por pessoas com urgência e necessidade em realizar liquidez imediata que poderão ver-se tentadas a desvalorizar o seu património para acelerar a venda do ativo”.

“Temos a experiência do que aconteceu na anterior crise, e creio que todos percebemos que há que evitar a todo o custo a repetição do mesmo cenário”, conclui Luís Lima, presidente da APEMIP.

 

Fonte: Jornal de Negócios