26 de Janeiro, 2021 Lucas Lopes

Casas “acabam” 2020 mais caras em 65% dos concelhos portugueses

Em Lisboa, o preço médio dos apartamentos superou os 624 mil euros, com o metro quadrado a 5.567 euros, enquanto no Porto ultrapassou os 344 mil euros, ficando o metro quadrado a 3.555 euros, avança o último relatório da consultora imobiliária Imovendo.

 

O imobiliário em Portugal mostrou sinais de grande resistência em 2020, não obstante um confinamento que durou cerca de dois meses, da profunda contração económica que daí resultou e da rarefação das receitas do turismo que nem no verão conseguiram ser recuperadas.

“E mesmo dinamismo, uma vez que em 65,1% dos municípios assistiu-se a um aumento homólogo dos ‘asking prices’ [preços praticados] registados em ambos os segmentos residenciais (apartamentos e moradias)”, revela a consultora imobiliária Imovendo no seu relatório de janeiro, que analisa o comportamento imobiliário a nível regional em 2020, a que o Negócios teve acesso.

Com os preços em alta estiveram os concelhos de Lisboa e Porto. Na capital, o preço médio dos apartamentos superou os 624 mil euros, com o metro quadrado a 5.567 euros, enquanto o preço médio das moradias foi de 1,146 milhões de euros, o que correspondeu a 5.121 euros o metro quadrado.

Já no Porto, o “asking prices” ultrapassou os 344 mil euros nos apartamentos e aproximou-se dos 690 mil euros nas moradias, com o preço por metro quadrado a atingir os 3.555 euros e os 3.052 euros, respetivamente.

Ainda segundo a Imovendo, em 8,5% dos concelhos foi possível observar um comportamento “misto”, em que um dos segmentos evidenciou um comportamento expansionista dos preços, ao passo que o outro começou já a ajustar-se a um contexto económico mais conservador, “sendo expectável que o peso deste conjunto de municípios tenda a crescer ao longo de 2021, dada a manutenção das principais variáveis que impactam no setor”, antecipa a consultora imobiliária.

Por outro lado, 26,4% dos concelhos acabaram o ano de 2020 já a experimentar um ajustamento em baixa nos valores de ambos os segmentos de mercado residencial, um indicador que em apenas dois meses cresceu mais de sete pontos, “o que revela não só um final de ano de crescente reposicionamento do produto residencial, como de dilatação dos tempos médios de divulgação e uma maior pressão para escoar os ativos por parte das famílias”, explica a Imovendo.

Para esta consultora imobiliária, “2020 foi, sem dúvida, um ano atípico, mas que não de rutura com as principais tendências exibidas pelo mercado nos últimos cinco anos, pois apesar do arrefecimento real no número de transações realizadas (que em termos anuais deverá rondar entre os 8,7% e os 9,9%) e das enormes limitações à mobilidade internacional que caracterizaram o ano transato, as regiões mais expostas ao turismo e aos fluxos de investimento imobiliário internacionais, por exemplo, mostrar claros sinais de resiliência, que permitiram que os ‘asking prices’ praticados, tanto em apartamentos, como em moradias, mantivessem uma trajetória de crescimento na maioria dos seus municípios”.

Registe-se os casos do Algarve e da Região Autónoma da Madeira, onde se constata que os preços das moradias cresceram entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020 em todos os municípios do distrito de Faro e em sete dos 11 municípios do arquipélago, verificando-se igual tendência nos apartamentos, em que apenas foi observado um ajustamento em baixa em quatro dos 16 municípios algarvios.

 

Menos procura e baixa do número de transações em 2021

Para a Imovendo, o comportamento imobiliário na maioria dos municípios portugueses será caracterizado no ano de 2021 por três grandes forças:

“Diminuição da procura imobiliária e consequente diminuição do número de transações realizadas, que poderá alcançar os dois dígitos em áreas mais dependentes de forma direta ou indireta do turismo, bem como nas áreas urbanas mais consolidadas, fortemente dependentes da procura assegurada pelo mercado interno”, começa por avançar a Imovendo.

No mesmo relatório, a consultora imobiliária prevê que se assistirá a um “gradual ajustamento em baixa dos ‘asking prices’ atualmente praticados, o que implicará, muito provavelmente, que até ao fim do primeiro trimestre de 2021, a maioria dos municípios evidencie uma evolução homóloga negativa deste indicador, em pelo menos um dos segmentos de mercado”.

Finalmente, a Imovendo antevê a “revitalização do produto imobiliário em divulgação, uma vez que com a deterioração dos principais equilíbrios macroeconómicos, com o mais do que previsível aumento do desemprego e com o gradual fim das moratórias, será de esperar que mais imóveis sejam colocados no mercado, a preços mais competitivos”.

 

Fonte: Jornal de Negócios