2 de Novembro, 2020 Lucas Lopes

Preços das casas continuam a subir, mas já travam nas maiores cidades

No segundo trimestre de 2020, período marcado pelo confinamento imposto pela pandemia, o valor mediano de venda das casas foi de 1.137 euros por metro quadrado.

 

Os preços da habitação em Portugal continuaram a aumentar durante os meses mais impactados pela pandemia, com uma subida superior a 10% em relação aos valores do ano passado. Contudo, nos municípios mais populosos do país, a tendência já é de clara desaceleração.

Os dados foram divulgados esta quinta-feira, 29 de outubro, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que o valor mediano das vendas de casas ascendeu a 1.137 euros por metro quadrado no segundo trimestre deste ano (considerando o conjunto dos 12 meses anteriores). Este valor representa uma subida de 1,8% em relação ao primeiro trimestre de 2020 e um aumento de 10,3% face a igual período do ano passado.

Apesar de se manter a tendência de subida de preços a nível a nacional, no segundo trimestre deste ano já foi notória uma desaceleração face aos três primeiros meses do ano, em particular nas grandes cidades.

No Funchal, cidade onde este movimento foi mais claro, a taxa de variação trimestral dos preços das casas passou de 5% no primeiro trimestre deste ano para 0,31% no segundo trimestre, fixando-se em 1.626 euros por metro quadrado. Já em Lisboa, que continua a ser a cidade mais cara do país, com um valor mediano de 3.376 euros por metro quadrado, os preços aumentaram 1,3% no segundo trimestre, abaixo da taxa de 2,6% que tinha sido registada no início do ano.

Também no Porto se verificou esta desaceleração e, pela primeira vez, a evolução dos preços nesta cidade ficou aquém do valor registado a nível nacional. No segundo trimestre, o valor mediano de venda das casas no Porto fixou-se em 1.905 euros por metro quadrado, uma subida de 1,71% – ligeiramente abaixo do aumento de quase 2% que tinha sido registado no primeiro trimestre.

Entre os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes, só em cinco houve uma aceleração dos preços entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano: Barcelos, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Santa Maria da Feira e Vila Franca de Xira. Todos estes, contudo, continuam a apresentar preços de venda das casas abaixo da mediana nacional.

Mesmo assim, em termos homólogos, as subidas de preços continuam a ser acentuadas nestes municípios. Os aumentos mais expressivos, próximos de 20%, verificam-se em Barcelos, Gondomar e Sintra, enquanto as maiores desacelerações ocorreram no Funchal, Oeiras, Coimbra e Lisboa.

Preços já caem em Lisboa, mas resistem no Porto

No segundo trimestre deste ano, acentuou-se a tendência de desaceleração dos preços em Lisboa que já tinha começado a ser verificada no início de 2020. Entre abril e junho, os valores medianos de venda de casas já caíram, em termos homólogos, em cinco das 24 freguesias de Lisboa, um número nunca antes registado nesta série estatística do INE, que recua até ao início de 2016.

Estas quebras verificaram-se em Campolide, Carnide, Avenidas Novas, Belém e São Vicente. Na freguesia de Marvila, não houve uma queda, mas o aumento registado foi apenas residual, de 0,3%.

Mesmo assim, os preços continuaram a crescer a dois dígitos noutras cinco freguesias: Lumiar, Estrela, Parque das Nações, Santa Clara e Santa Maria Maior.

Contas feitas, o valor mediano das vendas de casas no município de Lisboa aumentou em 7% no segundo trimestre em relação a igual período do ano passado, fixando-se em 3.376 euros por metro quadrado, o valor mais elevado do país.

No Porto, por outro lado, e apesar da desaceleração, os preços resistem e não houve qualquer freguesia onde tenha sido registada uma quebra.

Os maiores aumentos, superiores a dois dígitos, verificaram-se nas freguesias de Paranhos, União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde e União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos.

Os preços acabaram, assim, por aumentar em mais de 8% no Porto no segundo trimestre, em termos homólogos, fixando-se em 1.905 euros por metro quadrado.

 

Fonte: Jornal de Negócios