Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, revela que os resultados do primeiro semestre não corresponderam às previsões iniciais da crise da pandemia do Covid-19, mesmo com alguma quebra, os negócios efectuaram-se.
Na apresentação dos números dos primeiros seis meses do ano, a rede de mediação imobiliária registou uma facturação superior a 19 milhões de euros, enquanto no período homólogo de 2019 este indicador rondou os 20,5 milhões de euros. Já o volume de negócios em que a rede esteve envolvida – considerando também a partilha de transacções com outros operadores – atingiu os 800 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, o que, em comparação com os 869.748.002 euros registados no período homólogo do ano anterior, se traduz num decréscimo de 7%, em ambos os indicadores.
Contudo, no primeiro semestre do ano, o valor médio dos imóveis transaccionados na rede Century 21 Portugal aumentou 8% para os 166.359 euros, face à média de 154.400 euros registados no mesmo período do ano passado. Apesar do contexto de pandemia, os preços de venda de habitações mantiveram uma trajectória ascendente, a nível nacional. Quando se analisa este indicador por trimestre, verifica-se que o valor médio dos imóveis entre Janeiro e Março se situava nos 163.061 euros. Já nos meses de Abril, Maio e Junho, os imóveis foram transaccionados por um valor médio de 169.367 euros.
Quanto ao mercado de arrendamento, no primeiro semestre deste ano foram realizadas 1014 transações, menos 216 do que no mesmo período do ano passado, o que revela uma quebra de 18% de operações neste segmento. A nível nacional, o valor médio de renda situou-se nos 833 euros, ao longo do primeiro semestre de 2020, revelando um crescimento residual de 1% face à média de 822 euros de valor de arrendamento verificada entre Janeiro e Junho de 2019. Mais uma vez, na análise por trimestre – que permite já avaliar o impacto do factor Covid-19 no mercado de arrendamento – a média nacional de rendas nos três primeiros meses do ano fixava-se nos 893 euros, enquanto em Abril, Maio e Junho este valor baixou para os 772 euros, o que revela um decréscimo médio de 13,5%, no último trimestre.
Entre Janeiro e Junho de 2020, o peso das transacções do segmento nacional na operação da Century 21 Portugal subiu 5% face a 2019 e atingiu os 86%, enquanto as transacções do segmento internacional representaram apenas 14% do volume de transacções efectuadas nesta rede imobiliária.
Em entrevista ao Diário Imobiliário, Ricardo Sousa, admite que momento é a prova de como as empresas, e as pessoas, podem reinventar a sua forma de funcionar, e alterar os seus comportamentos, para superarem um desafio de uma amplitude absolutamente inédita, na história da humanidade.
Como a Century21 tem ultrapassado esta pandemia?
Durante este período, tem sido fundamental privilegiar a agilidade e a criatividade, ao mesmo tempo que se mantém a segurança inabalável nos valores e princípios que nos orientam, na visão que temos para o nosso negócio e para o sector que representamos, a longo prazo.
Agilidade e criatividade para repensar e implementar novas formas de relacionar e interagir com colaboradores, clientes e stakeholders. Agilidade e criatividade no recurso à tecnologia de forma a adaptar e alterar o modelo operacional para responder às actuais necessidades dos consumidores, e aproveitar o momento para acelerar as mudanças internas necessárias.
Neste contexto, a Century 21 Portugal introduziu inovações disruptivas no seu modelo de negócio, para permitir a realização de uma transação imobiliária de forma totalmente digital, aumentando a proximidade e a eficiência dos consultores imobiliários.
A pandemia que estamos a atravessar é a prova de como as empresas, e as pessoas, podem reinventar a sua forma de funcionar, e alterar os seus comportamentos, para superarem um desafio de uma amplitude absolutamente inédita, na história da humanidade.
Os números do 2º trimestre afinal não foram tão negativos como se pensou, a que se deve?
O que verificámos ao longo do confinamento foi que os clientes, na sua esmagadora maioria, não anularam ou desistiram dos seus processos de compra, como chegamos a assumir. O que aconteceu foi uma suspensão das decisões de transação dos imóveis, pelos motivos óbvios de segurança e saúde.
E os preços que todos pensavam que iam baixar significativamente não aconteceu? Qual a sua opinião?
Desde Abril que a procura está muito activa, atingindo mesmo máximos anuais em Abril e Maio, o que originou transacções de aquisição de imóveis (em termos de tipologia e níveis de valores) em linha com os critérios registados na fase de pré COVID19. Por outro lado, os proprietários- na sua maioria com capacidade financeira para esperar que se realizem as vendas pelo asking price inicial – não corrigiram os preços, e alguns proprietários optaram mesmo por retirar as suas casas do processo de venda, ou colocaram-nas no mercado de arrendamento.
Verificaram grandes alterações nas tendências das casas que os portugueses procuram ou ainda é o preço que dita a escolha?
As transações realizadas no segundo trimestre estão em linha com o primeiro trimestre do ano. É ainda cedo para assumir uma nova tendência de preferência em termos de tipologias de imóveis ou zonas, por parte das famílias portuguesas, para quem, claramente, o poder de compra assume um papel determinante para aquisição de habitação.
O que espera para o segundo semestre?
Estamos prudentemente optimistas, a monitorizar diariamente as novas dinâmicas do mercado para nos adaptarmos rapidamente às necessidades e à capacidade económica da procura que está no mercado.
Fonte: Diário Imobiliário