Limitação dos Vistos Gold nas cidades de Lisboa e Porto não vão ter impacto no mercado imobiliário, já que as Autorizações de Residência para a Actividade de Investimento – “Vistos Gold” em Portugal têm vindo a cair, alerta a consultora imobiliária imovendo na sua análise mensal do mercado.
“No terceiro trimestre de 2019 apenas cerca de 3,1% do volume de negócios do mercado respeita ao investimento estrangeiro “Gold”, pelo que me parece que a recente discussão em torno deste veículo de investimento necessita ser observada de forma pragmática e com uma perspectiva de longo prazo”, salienta Manuel Braga, CEO da consultora.
O estudo aponta para o impacto deste tipo de investimento, apesar de limitar à aquisição de algumas dezenas de imóveis por mês, é inequívoco no mercado enquanto um todo, uma vez que inflaciona artificialmente os preços dos imóveis, colocando uma pressão futura não negligenciável sobre as famílias, sobretudo quando as taxas de juro começarem a subir.
A imovendo reforça mesmo, que até no mercado de arrendamento há pressão, pois promove um encarecimento não natural das rendas praticadas, de modo a assegurar um retorno do investimento feito (uma vez que a aquisição de imóveis a um preço superior, “obriga” a que as rendas praticadas sejam, também elas, mais altas, de modo a que o investimento se torne rentável do ponto de vista financeiro).
Segundo a análise não poderá haver receios de colapso do mercado imobiliário a nível nacional por via do fim dos Vistos Gold, algo sem qualquer tipo de aderência à realidade, uma vez que uma eventual queda da procura por parte destes investidores terá como impacto inicial um ajustamento em baixa dos asking prices, o que, consequentemente, permitirá introduzir um maior dinamismo no mercado por via de um aumento do dinamismo da procura interna.
A consultora afirma que é importante não esquecer que o investimento imobiliário através dos Vistos Gold não obriga à aquisição de imóveis acima de 500 mil euros, mas antes, ao investimento no imobiliário nacional em montante superior a 500 mil euros, sendo este o principal motivo pelo qual os efeitos deste veículo são transversais a todo o mercado e impactam os diferentes níveis sócio-económicos, em particular a classe média.
“Se indexarmos o volume de negócios realizado em Portugal, enquanto um todo e por via dos Vistos Gold, fica claro que ao passo que aquele investimento estrangeiro não cresceu, ao passo que o mercado imobiliário nacional cresceu praticamente três vezes, o que demonstra a sua vitalidade e independência face a este veículo”, explica o mesmo responsável.A imovendo defende, contudo, que o programa dos ‘vistos’ foi, sem dúvida, relevante para mostrar o país a novos mercados, mas que, actualmente, não só se assume como força centrípeda que coloca fora das grandes cidades milhares de famílias, como a relevância financeira de que se reveste não legitima a sua cristalização.
Fonte: Diário Imobiliário