14 de Janeiro, 2020 rcruz

O melhor de 2019 :: Comprar casa continua a ser (muito) caro mas preços estão a desacelerar. Será mesmo assim?

Quando a história se repete: venderam-se mais casas (e preços dispararam) em 2018. Este foi o título do resumo anual de 2018 sobre o tema “preço das casas”. O que mudou passado um ano, em 2019? De forma resumida, comprar casa continua a ser (muito) caro, apesar dos preços estarem a desacelerar nos últimos tempos, ou seja, estão a subir, mas menos. Soube-se, a fechar o ano, que foram vendidas 45.830 casas no terceiro trimestre de 2019, mais que nos dois trimestres anteriores, mas menos 0,2% que no período homólogo. Os preços? subiram 10,3% num ano.

Vamos por partes. Começamos com dados do índice de preços do idealista. Que confirma, de resto, que o mercado de compra e venda de casas continua ao rubro no país, com os preços dos imóveis a manter a trajetória de subida, ainda que a um ritmo menor. No terceiro trimestre de 2019, as casas ficaram 2,5% mais caras face ao trimestre anterior, fixando-se nos 1.981 euros por metro quadrado (m2). Trata-se de um aumento de 15% em termos homólogos. Conclui-se, portanto, que a subida de preços está a suavizar, já que nos dois primeiros trimestres do ano registaram-se aumentos, em cadeia, de 3,3% e 4,5%, respetivamente.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) vão no mesmo sentido. No final de janeiro, por exemplo, davamos conta que comprar casa em Lisboa chegava a custar 4.532 euros por m2, sendo que os dados em causa eram relativos ao terceiro trimestre de 2018. Pampilhosa da Serra era, segundo os mesmos dados, o munícipio mais barato para comprar casa. Para ajudar a compreender melhor este fenómeno, mostrámos graficamente como tinham evoluído os preços em Portugal, Lisboa e Porto. Ora vê.

Mais tarde, em maio, o INE “voltava à carga” com novos valores: em Lisboa e no Porto, por exemplo, as subidas dos preços das casas eram 23% superiores em termos homólogos, sendo que o preço do m2 na capital registava uma subida de 23,5%, superando os 3.000 euros por m2. Estes eram, na altura, os munícipios mais caros e baratos para comprar casa.

Ainda sobre este tema escrevemos, a meio do ano, que os preços das casas tinham subido 9,2% num ano, mas que o ritmo estava a abrandar e que Amadora, Porto e Lisboa eram as cidades “mais inflacionadas”.  

Avisos, alertas e futuro em aberto

Com a subida vertiginosa dos preços das casas verificada nos últimos anos, o cenário de um eventual sobreaquecimento do mercado ganhou força. E foram várias entidades e/ou organismos a “pôr o dedo na ferida”. Mas será que há sinais de alarme, que é como quem diz, será que há em Portugal uma bolha imobiliária?

No início do ano, o Eurostat confirmava que o preço das casas no país registou uma subida de quase o dobro da média da Zona Euro e da União Europeia. Já um relatório do Observatório sobre as Crises e as Alternativas alertava para o facto do preço das habitações estar a crescer “acima da evolução salarial”, considerando que este é um indicador preocupante.

Para Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), uma das vozes mais ativas no setor, o fenómeno de aumento de preços vai também verificar-se nas periferias das cidades. Daí ser importante, dizia mais tarde ao idealista/news, ajustar os preços e apostar na construção nova.

Também o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia (CE) abordaram o aumento do preço das casas. O primeiro, sem mencionar países, considerou que a rápida subida dos preços levanta receios sobre uma possível queda nos próximos três anos (até 2023) enquanto o segundo alertava para um cenário de abrandamento de preços, mas a um ritmo lento. Igualmente preocupada dizia estar a Amnistia Internacional, que alertou a ONU para os problemas de acesso à habitação existentes no país. Mais recentemente, a terminar o ano, a agência de notação financeira Moody’s disse prever que o preço das casas vai continuar a aumentar em Portugal, devendo subir 4% em 2020. Será? 

No que diz respeito ao número de transações, caíram 6,6% no segundo semestre do ano face ao período homologo, o que aconteceu pela primeira vez desde 2013. Entre abril e junho de 2019 foram transacionados 42.590 imóveis, concluiu o INE. Os sinais de que poderiam estar a ser vendidos menos imóveis surgiram antes, através de dados que davam conta de que o tempo médio de venda estava a aumentar, ou seja, as casas já demoravam mais tempo a mudar de dono.  

Certo é que foram vendidos 178.691 imóveis em 2018, mais 25.339 (16,6%) que em 2017. São 490 casas por dia, mais 70 casas do que em 2017. E as transações totalizaram 24,1 mil milhões de euros, mais 24,4% que no ano anterior (um valor equivalente a 12% do PIB).

Fonte: Idealista