Partilhar poderia ser a palavra do ano. Pelo menos no que toca aos negócios alternativos que permearam o imobiliário e que foram notícia em 2019. Assumem-se como novos filões do setor, alavancados pelas mudanças nas formas de viver e trabalhar das novas gerações que desafiam a tradição, orientadas pela vontade de partilhar em vez de possuir. Coliving e coworking apareceram para fazer jus ao “primeiro estranha-se e depois entranha-se” de Pessoa. Vieram para ficar, depois de já fazerem sucesso lá fora, aguçando o apetite dos investidores. As residências de estudantes também entram na equação do “novo mundo” do imobiliário que está a nascer. O próximo passo? Ultrapassar o ‘gap’ legislativo.
“A geração dos millennials não quer ter coisas, mas quer ter e viver mais experiências. Preferem uma vida mais flexível que veio desafiar a economia e as empresas”. Assim se davam as boas-vindas a 2019, numa conferência sobre as tendências do imobliário para o ano que aí vinha.
Os desequilíbrio entre a oferta e a procura no mercado residencial, as alterações demográficas e sociais, nomeadamente mudanças na estrutura familiar tradicional, e os constrangimentos financeiros, relacionados com o preço dos imóveis e as condições de acesso ao crédito à habitação, impulsionaram o aparecimento de novas soluções de habitação. O coliving, para quem encontra dificuldades na aquisição ou arrendamento de uma casa – ou para quem simplesmente é adepto deste estilo de vida -, e as residências de estudantes, para quem enfrenta a “odisseia” da falta de quartos e casas no momento de iniciar a vida universitária. Os investidores seguiram atentos à tendência e começaram a apontar a mira a este tipo de negócios alternativos.
Já a fechar o ano, a notícia de que o coliving já é um dos mais promissores segmentos do imobiliário alternativo, com potencial para crescer mais de 25 vezes em Portugal, numa altura em que a oferta continua muito longe de responder à procura. Quem é o publico alvo deste modelo? Nómadas digitais que ficam nas cidades por períodos de tempo mais curtos, expatriados atraídos pelas recentes multinacionais que se estabelecem no país, empreendedores internacionais que se mudaram para grandes cidades, como Lisboa, mas também os jovens trabalhadores entre os 20 e 35 anos. A necessidade está identificada, mas ainda há muito para fazer. A lei portuguesa não está ainda preparada para este tipo de segmentos alternativos, segundo os especialistas. O problema, dizem, é um dos principais entraves à captação de investimento.
Ainda assim, a caça às oportunidades continua. As residências de estudantes, por exemplo, tiveram um ano animado. Em Portugal, o negócio conta já com a presença sólida de reconhecidos investidores e promotores, como a Temprano Capital Partners, MPC Capital Group, Milestone, TPG Real Estate, ou Round Hill Capital, mas espera-se que continuem a entrar novos players no mercado. Os projetos multiplicam-se à velocidade da luz, e sobretudo porque a oferta, mais uma vez, ainda está muito longe da procura real. Vozes do setor acreditam, de resto, que este segmento poderá valer mais de 500 milhões dentro de cinco anos.
E depois da vida, o trabalho. Quem também se instalou “sem meias medidas” foi o coworking. Há vários operadores no país decididos a apostar neste segmento, que já se assume como “arma” de combate à escassez de oferta de espaços tradicionais de escritórios e capaz de dar resposta a um novo tipo de procura, cujo enfoque está na flexibilização do local de trabalho.
O ‘boom’ dos negócios alternativos deverá continuar a sua escalada em 2020 mas, por agora, deixamos-te com algumas das principais novidades deste ano.
Fonte: Idealista