
As promotoras imobiliárias estão cada vez mais a apostar na construção nova. Um cenário que já se verificava no ano passado, conforme escrevemos, e que ganhou ainda mais força este ano. Esta é, de resto, uma das soluções apontadas por vários intervenientes do setor para colmatar o “problema habitacional” do país, aumentando a oferta e contribuindo para ajustar os preços das casas, que dispararam nos últimos anos, apesar de agora haver sinais de algum abrandamento. Uma coisa é certa, faltam casas no país, nomeadamente na capital.
Mais oferta de prédios e casas, num momento em que a procura está em alta e há falta de produto no mercado para dar resposta, sendo que (quase) diariamente chegam ao mercado informações de novos projetos de promoção imobiliária um pouco por todo o país, mas sobretudo em Lisboa e no Porto.
Os meses passaram e a tendência manteve-se. Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), dizia-nos, em outubro, que a solução para o problema da habitação no país “é haver, primeiro, um ajuste de preços”. “A outra parte da solução é a construção nova. A reabilitação não chega e a maior parte é feita no centro das cidades, onde os preços são elevados. Ou seja, precisamos de construção nova em sítios onde os preços para a bolsa portuguesa estejam mais baratos”, contava.
Ainda em outubro, mês em que se realizou mais uma edição do Salão Imobiliário de Portugal (SIL), foi notícia o facto da maioria dos promotores e investidores imobiliários (75%) pretender lançar novos projetos nos próximos três meses, segundo resultados do Portuguese Investment Property Survey. O próprio SIL foi, de resto, uma espécie de montra dos novos projetos que estão ou vão nascer no país. Sobre o evento, Sandra Fragoso, dizia-nos na altura que quem visitasse a maior e mais importante feira imobiliária do país teria a oportunidade de conhecer em primeira mão “vários lançamentos de empreendimentos para a classe média e de construção nova”, o que mostra “que o mercado está a acompanhar a procura”.
A provar (também) que a construção nova tem estado ao rubro estão os dados de entidades como a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) e o Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Segundo este último, no 3º trimestre de 2019, foram licenciados 5,7 mil edifícios, mais 5,9% que no período homólogo. Por categorias, os edifícios licenciados para construções novas registaram um acréscimo de 6,2% enquanto o licenciamento para reabilitação aumentou 3,9% face ao mesmo período do ano passado.
Custos de construção nova disparam
Se é verdade que a construção nova está a ganhar terreno no mercado, também os custos estão a subir em flecha. Trata-se, de resto, de um dos problemas mais reclamados pelos intervenientes do setor. Em janeiro, por exemplo, os custos de construção de habitação nova aumentaram 2% face ao mesmo mês do ano anterior. E é sobretudo a mão de obra que está mais cara, tendo aumentado 4% em fevereiro em termos homólogos e 4,3% em maio, por exemplo.